Comentário ao Hino Cristológico de Filipenses


Autor: Adriano da Silva Oliveira

Introdução
            Esta carta é enviada para a comunidade fundada pelo próprio apostolo, ela é a primeira comunidade cristã europeia, recebe a evangelização em torno de 20 anos após os acontecimentos que redimiram toda a humanidade. A comunidade possui uma importante localização para que o evangelho possa ser difundido pelo território europeu. Nesta carta São Paulo vai fazer um resumo dos mistérios que envolvem Nosso Senhor Jesus Cristo, encarnação, kenosis, isto é, humilhação até à morte de cruz, e glorificação.
A Carta aos Filipenses
A carta de São Paulo a Igreja de Filipos, segundo Scott Hahn é aceito como autor da carta  o Apóstolo dos Gentios, alguns estudiosos levantaram teses contrarias que não foram aceitas por  grande parte dos estudiosos. Devido a referencia e conformidade de atos vivenciados por Paulo, descrito no Ato dos Apóstolos e em outras cartas.
O teólogo Raymond E. Brown e Scott Hahn concordam com o tom amistoso que contem a carta aos Filipenses, é a carta que apresenta um lado mais afável do Apostolo. Não pode-se afirmar que a carta seja um escrito único, mas uma composição de duas ou três cartas diferentes.  Segundo Brown não é possível saber ao certo de onde Paulo haveria escrito a carta e nem a data da sua composição. Para Scott Hahn é possível fazer uma datação aproximada segundo alguns acontecimentos citados por São Paulo ao longo da Epistola.
A Igreja de Filipos está situada na cidade líder da Macedonia Ocidental, no século I, estava situada em um local estratégico na via Egnácia, uma importante rota de viagem da época. A cidade era formada por maioria de combatentes aposentados e possuía minoria de judeu. Essa foi a primeira igreja fundada pelo Apostolo na Europa Ocidental.
Na Carta aos Filipenses encontramos a seguinte estrutura:
I – Apresentação Inicial (1,1-11)
1.      Endereço (1,1-2)
2.      Ação de Graças e Oração
II – Prisão de Paulo (1,12 -30)
1.      Anuncio do Evangelho (1,12-18)
2.      Situação Pessoal (1,19-26)
3.      Exortação à constância (1, 27-30)
III – Imitação de Jesus Cristo (2,1-18)
1.      A Humildade e obediência de Cristo (2, 1 -11)
2.      A vida em Cristo (2,12-18)
IV – A Chegada de Timóteo e Epafrodito (2,19-30)
V- Rumo a Meta (3,1-21)
1.      Alerta contra os judaizantes (3,1-11)
2.      A conquista do prêmio Celeste (3,12-21)
VI – Recomendações finais e Agradecimentos (4,1-20)
1.      Trabalhar pela Unidade (4,1-3)
2.      Alegrar-se no Senhor (4,4-9)
3.      Gratidão pelo auxílio dos filipenses (4,10-20)
VII. Conclusão (4,21-23)
No Capitulo 2 da carta São Paulo faz um convite para que a comunidade possa imitar a humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo, “nada fazendo por competição e vanglória, mas com humildade, julgando cada um superiores a si mesmo.” Fl 2,3, e ele completa antes de iniciar o hino Cristológio “tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus” Fl 2,5.
 A partir do V6 São Paulo inicia o seu hino Cristológico, Cristo como exemplo de humildade para toda a comunidade. Vemos em um primeiro momento um movimento descendente de Nosso Senhor “Ele estando na forma de Deus, não usou de seu direito de ser tratado como Deus mas se despojou, tomando a forma de escravo.” (Fl 2,6-7a). Cristo que toma a forma de uma escravo para poder redimir toda a humanidade. O fato de Cristo ter se despojado, traz a mente a aceitação da condição humana  e suas limitações, Ele que sendo Deus, se faz homem para poder elevar novamente a humanidade.
O completo rebaixamento de Nosso Senhor se dá em sua morte, a forma mais humilhante de morte que havia naquele período “Abaixou-se tornando-se obediente até a morte, à morte em uma Cruz.” ( Fl 2, 8). O movimento dessedente apresentado ao filipenses chega ao ponto mais baixo, com a Morte em um Cruz. Aquele que É Deus humilhou-se até a ultimas consequências.
A partir do V9 São Paulo inicia um segundo movimento, agora de ascendência de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquele fora rebaixado até o ultimo, agora é elevado por Deus, como podemos ver “Por isso Deus soberanamente o elevou e lhe conferiu o nome que  está acima de todo nome” Fl 2,9.  Com a Ressurreição e a gloriosa ascensão de Nosso Senhor, tendo-O sentado a direita de Deus Pai, a humanidade de Cristo é glorificada, e revela assim o destino final de todos aqueles que se humilharem e se rebaixarem como Cristo fez. A glorificação de Cristo também se dá  devido a sua obediência aos desígnios do Pai
São Paulo faz alusão ao trecho Is 45,23, sobre a Adoração dada a Deus, adoração essa que agora é remetida ao Filho, “A fim de que ao Nome de Jesus todo joelho se dobre” Fl 2,10a . E também que o reinado de Cristo é total e não parcial demonstrando através da cosmovisão de Israel conforme  Ex 20,4. Tudo está abaixo do Senhorio de Jesus Cristo.
E São Paulo conclui com a exortação “e que toda língua proclame que o Senhor é Jesus Cristo para a Glória de Deus Pai.” Fl 2,11.  Neste versículo final em qual Paulo conclui o Hino Cristológico ele apresenta o Senhorio de Jesus Cristo, que deve ser proclamado por todos os seus discípulos.
 Conclusão
            Ao debruçarmos sobre a Carta aos Filipenses, e aprofundar no seu contexto e histórico, vemos a sublimemente resumido em poucos versículos todo o mistério que envolve Cristo, e levando a comunidade a possuir os mesmos sentimentos de Cristo, para que os discípulos daquela comunidade possam se configurar a Cristo. Possam a nossa vida humana só possuiu sentido quando nos encontramos com o Jesus Cristo, o Senhor, não é o encontro com um ser simplesmente histórico, um líder religioso, um transmissor de um filosofia. E o encontro com o próprio Deus, que se encarna, assume a natureza humana, se humilha, morre em uma Cruz, e é glorificado.
           
            Bibliografia
BROWN, Raimond E.. Introdução ao Novo Testamento / Raymond E. Brown: tradução Paulo F. Valério – 2. Ed – São Paulo: Paulinas,2012. – ( Coleção Bíblia  e história. Série Maior)
HAHN, Scott; Mitch, Cutis; Walters, Denis. As Cartas de São Paulos aos Filipenses, aos Colossenses e a Filêmon: Cadernos de Estudo Bíblico / Scott Hahn, Curtis Mitch e Dennis Walters; Tradução de Lucas Cardoso – Campinas, Sp: Ecclesiae, 2018.


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