Vaticano II – A luta pelo Sentido


Vaticano II – A luta pelo Sentido
Massimo Faggioli

Adriano da Silva Oliveira


Em sua obra Faggioli procura demonstrar como ocorreu e se desenvolveu o concilio Vaticano II, nunca na história da Igreja houve um concilio que de fato podemos chamar ecumênico em todos os sentidos, com a presença de mais de 2000 padres conciliares, de todos os continentes do orbe, vimos a catolicidade da igreja.
No primeiro capitulo temos uma apresentação da Questão histórica do concilio, e a dificuldade que houve na recepção e interpretação do concilio, o autor aponta que o concilio até hoje é muito novo, perto da história da Igreja.  Com a eleição de Joseph Ratzinger, que assume o papado como Bento XVI, as discussões referente a hermenêutica e a interpretação do concilio são reinflamadas no seio da igreja.
É aponto o perigo de cair em um superficialidade do concilio e não conseguir abranger toda a sua grandeza e importância, já que mais de 50 anos depois, houve uma completa renovação do episcopado, teólogos e leigos, e aqueles que viveram a celebração e a recepção não estão mais tão ativo na vida da Igreja.
Como já tido acima o concilio foi algo único na igreja, ele abre a igreja fechada na Europa para se abrir para uma igreja de fato universal, o concilio também responde a diversos movimentos que surgiram durante o século XX que pediam uma renovação para a igreja, e uma redescobertas de suas fontes, podemos destacar os movimentos: Bíblico, Patristico e litúrgico etc....
O primeiro documento a ser aprovado pelos Padres Conciliares é a constituição Sacrossanctum Concilium, sobre a sagrada Liturgia, documento que vai marcar e mostrar o que o Concilio deseja, que é uma profunda reforma, a iniciar-se pelo Culto. Entre debates e estudos, e a celebração das grandes sessões solenes foram promulgados o seus diversos documentos.
Na solenidade da Imaculada Conceição de 1965 encerra-se a celebração do concilio, inicia-se o período de recepção e aplicação do concilio, com a tomada de diversa linhas de interpretação e tomadas de posições, não podemos esquecer da tentativa da cúria Romana de controlar toda recepção e desenvolvimento do concilio.
Inicia um período de pequenos sínodos, a grandes reuniões do episcopado de continentes, para interpretarem e aplicarem o concilio. Destaca-se os teólogos que começam a ler e comentar o concilio, se tornando peças chaves para compreensão desse período destaca-se Yves COngar, Henri de Lubac, Joseph Ratzinger e Edward Schillebeeckx. Na década de 70 vamos ter o grande período de interpretações e aplicações do concilio.

Na década de 80 temos o concilio que está em plena aplicação, a frente do governo da Igreja, agora temos um dos Padres conciliares, João Paulo II, e como seu assessor próximo, no cargo de prefeito para Congregação para Doutrina da Fé (antigo Santo Oficio )o Cardeal Joseph Ratzinger, que participou do concilio como conselheiro. Em 1985 é convocado o sínodo dos bispos para celebrar os 20 anos de encerramento do concilio e uma tentativa de dar maiores diretrizes para a interpretação do concilio Vaticano II.
Na década de 90 até o inicio do novo milênio temos a historização do concilio e uma busca de estuda-lo e compreende-lo, uma dessa tentativas a importante publicação da obra do Professor Alberigo
O autor encerra o capitulo relembrando a celebração do quadragésimo aniversário de encerramento do concilio temos a morte de João Paulo II e eleição do então cardeal Joseph Ratzinger como bispo de Roma, passando-se a chamar Bento XVI. Inicia-se um novo período de interpretação e desenvolver do concilio.
No segundo capitulo o autor vai trabalhar os pontos opostos de extremimos  que foram tomados a partir do concilio, a seu favor e contra ela. Há o grupo dos mais progressistas que olhava para a Igreja após dez anos da celebração do concilio ainda dando passos lentos em relação as reformas pretendidas; e por outro lado havia os ultraconservadores que estavam cada dia mais francos e posicionados contra as reformas elaboradas pelo sagrado concilio.
Na década de 70 os bispos e teólogos queriam por o concilio em pratica na sua totalidade e com todo o seu vigor, deste novo pentecoste que havia ocorrido na igreja na celebração do concílio, mas por parte dos mais novos o concilio se tornou um assunto marginal, que não possuía a devida importância. Com a efervescência da reforma litúrgica, que foi a primeira a ser colocada em prática, os bispos e teólogos que mais atuaram no concilio pediam que as demais reformas fossem colocadas em pratica.
Na celebração dos dez anos do concilio Congar coloca deve possuir um sensibilidade histórica e dar tempo ao tempo, para a execução e implementação de todas as reformas conciliares.
Os grupos tradicionalistas vão tomando forma e força na interpretação do concilio, e muitos pendem para a rejeição e questionamento da legitimidade do concilio e de suas reformas, que foram postas como inimigas da Igreja e da sua catolicidade. Um dos pontos altos do tradicionalismo é o cisma lefebvriano. Para Lefebvre o concílio é uma obra do diabo.
Em outro extremo da interpretação conciliar, temos os “Cristãos para o Socilaismo” que acusavam o concilio de se moldar a forma da sociedade capitalista burguesa, porem essa linha não teve força.



Vaticano II – Além de Roma
O Concilio Vaticano II rompe as barreiras do catolicismo, e também influencia outras religiões e abre-se a possibilidade da reflexão teológica para outras formas de fazer e pensar a teologia católica, ele torna-se um “começo do começo” como define Ranher.
Houve no concilio a participação de outras denominações cristãs e até de outras religiões. São os chamados observadores teólogos e lideres religiosos que participaram das sessões conciliares. A participação foi crescendo durante a realização do concilio chegando ao maior número na 3º e ultima sessão que teve o numero de 183 observadores conciliares. A presença dos observadores contribuiu profundamente com a ideia de ecumenismo. E o concilio não ficou fechado dentro da Igreja católica mas acabou levando suas reflexões para outras igrejas  e atingindo desse modo a teologia em geral.
O autor apresenta o que diversos teólogos e bispos  que atuaram no concilio e na sua recepção como: John Moorman, os teólogos luteranos Edmund Sclink e Osacra Cullmannn, o reformado Karl Barth (que não participou do concilio devido a problemas de saúde). O Luterano Norte americano George Lindeck, o ortodoxo Oliver  Clemente, Nikos Nessiotis.
Com o concilio temos uma nova forma de fazer-se teologia na Igreja e no mundo, essa nova forma nasce com o que a de melhor na teologia do século XX. Surgem duas principais escolas teológicas nesse período, que são altamente influenciadas por duas revistas teológicas, que demonstram as grandes linhas de interpretações conciliares.
São as grandes revistas teológicas: Concilium fundada em 1964, ainda durante a celebração conciliar e tem como fundadores os teólogos: Y. Congar, H. Kung, J.B, Metz, K. Rahner e E. Schillebeckx. O desejo deles era superar a antiga forma de se fazer teologia, através de manuais.  Em 1968 temos a fundação da Communio, que tem por fundadores os teólogos: Hnas Urs Von Baltasar, Henri de Lubac e Joseph Ratzinger, e propõe a linha teológica Neo-Agostianiana.
Após o concilio a teologia deixa-se de ser uma exclusividade europeia e agora começa a ter características universais e a se desenvolver nos diversos pontos do globo terrestre. Ela começa a ser pensada e inculturada nas diversas realidades do povo de Deus.
Na América Latina temos o desenvolvimento da teologia da libertação,  ela possui como caraterística uma grande consciência politica e social, e uma eclesiologia do povo de Deus, e uma profunda teologia bíblica enraizada na história da Salvação. Nesse período o povo latino-americano está profundamente marcado por diversas ditaduras.Um marco na recepção conciliar é a assembléia de Medelim, que direcionou o continente latino americano na recepção e na execução do que o concilio pedia. E esse espirito conciliar e mantido pela conferencia de Puebla.
A teologia da libertação é uma das percussoras no horizontes das novas teologias, ela abre o caminho para novas formas de fazer. Um dos frutos é a teologia feminista, de origem norte americana. Na interpretação conciliar elas focam no papel da mulher na igreja, e assumem características ecumênicas, inter-religiosas e multicultural e sociopolítica. São expoentes nessa teologia as teólogas Anne E. Carr e Elizabeth A. Johnson.
A teologia também se desenvolve nos outros continentes. Na África tem grande força a reforma litúrgica, e também a ampliação do acesso a Sagrada Escritura, a enculturação foi amplamente difundida. O contexto histórico africano no pós concilio era de vários países deixando de ser colônias europeias e conseguindo a sua  independência. Há nesse período a constituição de um episcopado legitimamente africano.
Na Ásia o recepção do concilio, assim como em grande parte do mundo, iniciou-se pela reforma litúrgica e pela enculturação. Mas o documento que mais se desenvolve é a Gaudium et Spes, sobre a questão da cultura no mundo. O grande marco é o surgimento de uma igreja genuinamente Asiatica, com caraterísticas próprias e vida própria. Na Oceania o concilio não teve grande destaque na sua recepção.
No quarto capítulo temos a exposição  das duas novas correntes teológicas que surgem no contexto da interpretação conciliar são os Agostinianos e os Tomistas, e como se da a relação entre Igreja e Mundo a partir dessas visões.



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