Resenha Enciclica Aeterni Patris de Leão XIII



A Renovação da filosofia tomistas nas escolas católicas.
Adriano da Silva Oliveira

A carta encíclica foi escrita após o concilio Vaticano I, estava muito forte nesse período o pensamento modernista, o concilio acabara de defender a Revelação Natural e condenar os pensamentos modernistas. A Igreja nunca condenou a filosofia, ele condena correntes errôneas, principalmente as que se apresentavam naquela época.
O Cristianismo não é uma filosofia, mas ele utiliza-se da filosofia. Fé e Razão sempre andaram juntas desde o início da Igreja. O ser humano possui uma capacidade limitada de conhecimento.
Leão XIII inicia a sua encíclica com uma profissão de fé e coloca que é função da Igreja ser mestra. O ser humano precisa ser conservado na verdade e quem faz isso é a Igreja pois ela possui a verdade, que é Cristo Jesus.
A filosofia cristã para ser considerada filosofia precisa ser um, exercício livre da razão. O filosofo cristão não parte da revelação, ele parte do mesmo ponto que os demais filósofos, mas a fé ilumina a sua razão. Fides et Ratio andam juntas uma sem sobrepor a outra, mas elas dão um suporte mutuo, e, entre elas não pode haver contradição
Sempre foi uma preocupação dos pastores da Igreja, que o ensino de uma reta filosofia, logo no início da encíclica sua Santidade o Papa Leão XIII, já coloca isso. Mas ele quer chamar uma maior atenção para os estudos filosóficos, para que eles possam corresponder dignamente aos bens da fé e das ciências humanas.
O sumo pontífice coloca como causa da crise que se enfrentava naqueles tempos, devido as doutrinas referente as realidades divinas e humanas, que foram ensinadas de forma erradas pelas escolas filosóficas, e acabaram infiltrando em várias esferas da sociedade e foram acolhidas por elas.
Só a filosofia não é capaz de reconduzir o homem e dissipar os erros ensinados. Deve-se contar com a ajuda divina que o Altíssimo envia para dissipar as trevas da mente humana e reconduzi-las a verdade. E por esse motivo Deus colocou a razão na mente humana.
O Santo Padre, afirma que a filosofia, quando usada de forma reta, ela aplaina os caminhos para o conhecimento da verdadeira fé. A Filosofia clássica foi chamada pelos Padres da Igreja como uma instituição preparatória a fé cristã.
Algumas verdades de fé não foram somente reveladas, mas foram conhecidas de alguma forma pela razão natural dos filósofos pagãos. E esse conhecimento natural se torna muito maior quando é penetrado pela Graça de Nosso Senhor. E por esse caminho temos um terreno plaino para a fé.
Pertence a filosofia a defesa das verdades reveladas, e ela deve se opor a quem ensine algo contrário ao que foi revelado. É por isso que ela é considerada como sustentáculo da fé e baluarte firma da religião.
A igreja ordena que os mestres católicos conheçam a verdadeira filosofia, e tomem-na como ajuda. E também ordena-lhes que utilizem dela para refutar e condenar as argumentações falaciosas.
Os pontos doutrinais de fácil conhecimento da razão humana é justo o uso dos métodos filosóficos para o conhecimento, seus princípios e argumentos, mas nunca deve-se diminuir a autoridade Divina. Um filosofo católico nunca tome como conclusão, algo que vá contra uma verdade revelada.
Leão XII coloca como um problema da época, aqueles que afirmam que quando a mente humana se submete a autoridade divina ela perde a sua autonomia e soberania, e colocada como uma escrava. Ele refuta esse problema colocando que quando a mente humana se abre ao divino ela liberta a mente da escravidão do erro.
E ele coloca que o homem não pode acusar a fé de ser inimiga da razão, pois a fé é ela que muitas vezes a ponta e ilumina o caminho da verdade.
O Santo Padre depois faz um caminho pela história da filosofia cristã evocando os Padres da Igreja, que souberam de forma única casara fé e razão, e que compreenderão que Nosso Senhor Jesus Cristo, é o verdadeiro restaurador da ciência humana. E o mais conceituado de todos os Padres da Igreja é Santo Agostinho.
Os escolásticos são os doutores da Idade Média. Os dois grande nomes desse período é São Tomás de Aquino e São Boaventura.
Para a Igreja a teologia e a filosofia são coisas distintas, mas para o obter o verdadeiro conhecimento da Sagrada Teologia se faz necessário uma boa base filosófica, é isso foi muito bem desenvolvido pelos escolásticos.
O Papa Leão XIII que reavivar os estudos tomista na igreja. Aqueles que se aproximam de São Tomás nunca caíram em heresias, mas o que se afastaram facilmente caíram.
São Tomás de Aquino, por sua grande veneração aos Santos Doutores, e conhecimento dos Padres da Igreja, conseguiu reunir em si todos eles, ele reuniu todas as doutrinas e formou um corpo orgânico com elas. Não existe argumento filosófico que ele não tenha tratado ou visto com agudez e solides.
O Doutor Angélico, utilizou de um modo de filosofar também para refutar os erros, que sozinho conseguiu derrotar todos os dos tempos passados e forneceu meios para derrotar as futuras.
Ele soube fazer a distinção de fé e razão, mas unindo ambas em consórcio amigável, conservou íntegros os direitos das duas intactas a sua dignidade.
A doutrina de São Tomás possui acima de todas as outras, excluindo apenas a canônicas, a propriedade das palavras, a forma de expor, a verdade das conclusões, de tal forma que nunca aconteceu que se tenha afastado da verdade os que a professaram e foram sempre suspeitos sobre a verdade os que a contestaram.
O Santo Padre pede que voltemos a seriedade e ao estilo que os escolásticos produziram suas doutrinas. Leão XIII clama a volta dos estudos tomistas. E coloca que se faz necessário para Sanar os erros modernos ,além da ajuda sobrenatural de Deus, não há meio mais oportuno do que a doutrina sólida dos Padres e dos escolásticos, os quais demonstram os firmíssimos fundamentos da fé, sua origem divina, a verdade incontentável, os argumentos  que tornam aceitável.

Pela luz natural da razão, é possível conhecer a Deus. A Igreja condenou determinadas práticas filosóficas e científicas, mas não a filosofia e nem a ciência em si.
Os homens, que a verdade tinha libertado, também deviam ser conservados pela verdade.
A filosofia, como reta compreensão de todas as outras coisas.
É natural que o homem siga os ditames da razão no operar, se acontecer que o intelecto peque nalguma coisa, facilmente também a vontade cairá no erro.
Deus acendeu na mente humana o lume da razão, e que a luz da fé, acrescentada à razão, apague ou diminua suas capacidades; antes, aperfeiçoada e aumentada sua potencialidade, habilita-a a coisas superiores.
A ordem da Providência divina requer que para reconduzir os povos à fé e à salvação se peça ajuda também à ciência humana, afim de preparar o caminho à verdadeira fé.
A fé liberta e preserva a razão dos erros e enriquece-a de muitos conhecimentos.
Destaca-se Santo Tomás e São Boaventura, pelo papa Sisto V, “pôde trazer sempre à Igreja uma ajuda grandíssima, quer para entender e interpretar no seu sentido verdadeiro e singelo, as mesmas Escrituras, quer para ler e explicar os santos Padres com segurança e utilidade maiores, quer para descobrir e refutar os vários erros e as heresias.”
Via-se a Filosofia como colaboradora da Teologia. A Filosofia bem aplicada, obtêm-se êxito na Teologia.
Santo Tomás, explorou as conclusões filosóficas nas razões íntimas das coisas e nos princípios universalíssimos. Distinguiu cuidadosamente a razão da fé, mas unindo ambas em consórcio amigável.
Neste âmbito, é recomendado que a formação das Ordens Religiosas, sejam embasadas em Santo Tomás, pois este se fundamentou nos que vieram antes dele.
Santo Tomás é modelo, é referência a ser seguida em busca da verdade, e assim se distanciando das heresias.
Nesta admirável sabedoria dada por Deus, no concílio de Trento, juntamente com a Sagrada Escritura, estivesse a Suma de Tomás de Aquino, para tirar dela conselhos, motivos e sentenças.
Porém, nem em todos os lugares se tenha dado crédito aos escritos de Santo Tomás.
Surge o prazer de filosofar sem o mínimo respeito à fé, e da multiplicidade das teses, dá-se início as incertezas e as dúvidas.
Muitos deixaram se levar pelas novidades desvalorizando o patrimônio construído até então. Deixa-se levar pelo modismo. Podemos ter coisas novas, mas considerando as antigas como continuidade e não como ruptura.
O papa Leão XIII, não diz que não se pode ter o novo, é necessário o progresso da ciência, mas requer a seriedade como tinham os escolásticos.
Os motivos de se estudar Santo Tomás, é:
1. devido ao combate das ciências enganadoras, daí precisa-se os jovens serem alimentados com uma doutrina robusta.
2. devido à valorização excessiva da razão, deixando de lado o aspecto sobrenatural. A sólida doutrina, contribuirá para tornar visível a boa relação da razão com a fé católica.
3. contribuirá para a formação das famílias, assim como da sociedade e na Igreja, devido nos dias atuais se vê um incentivo as doutrinas perversas.
Pois, assim como os escolásticos se preocuparam com as ciências, não anularam as coisas materiais (natural), e que a partir delas, chegaram ao sobrenatural.
Exorta também o papa, o cuidado que se deve ter ao estudar e ensinar a doutrina de Santo Tomás. O educador deve fazer penetrar nos ânimos dos discípulos esta doutrina, e convém que a doutrina seja descoberta nas próprias fontes.

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