Resenha: O profeta Ezequiel
José Orlando de Jesus Junior
O profeta é impedido de
fazer seus atos proféticos. “Este é o quarto e último dos elementos separados
da narrativa de chamado. Ele é retomado como uma chave para sua pregação, nos
quais a queda de Jerusalém encerra o silêncio estabelecido”[1].
Nos versículos 22 e 23
(A mão do Senhor veio sobre mim, e ele me disse: levanta-te e sai para a
planície! Lá eu falarei contigo. Levantei-me e saí para a planície, e ali
estava a glória do Senhor, tal como a vi junto ao rio Cobar. Caí com o rosto em
terra) vemos a mão do Senhor, como o último elemento no uso “quiástico, os
quais demarcam para cada seção da chamada. A visão ocorre em uma planície,
aparentemente diferente daquela da primeira visão, mas com o mesmo efeito sobre
o profeta: o espírito divino torna possível a escuta do que procede”[2].
Já no versículo 24
(Então, o espírito entrou dentro de mim e me pôs de pé. Começou a falar comigo
e me disse: Vai fechar-te dentro de tua casa). Há uma ordem para que o profeta
permaneça em casa, e deste modo, os anciãos vêm até ele, isto significa que ele
não vai pregar publicamente, por exemplo como Jeremias fazia (Jr 7,26; 36), mas
falando apenas ocasionalmente, em sua própria casa. “Aparentemente, ele tinha
uma boa reputação, o que levava o povo a perguntar-lhe o que Deus estava
planejando”[3].
Contudo nos versículos 25,
26 e 27 (Quanto a ti, filho do homem, vão amarrar-te com cordas, para que,
estando entre eles, não possas sair. Farei que tua língua se pegue ao céu da
boca, de modo que ficarás mudo e já não rebelde. Mas quando eu falar contigo,
abrirei tua boca e tu lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Quem quiser ouvir
ouça, e quem deixar de ouvir deixe – pois são uma casa rebelde). “As amarras do
profeta eram provavelmente, mais psíquicas do que cordas reais”[4].
Ele estava proibido de falar sobre as condenações, a não ser que Deus lhe desse
uma mensagem específica. Podemos entender o trecho de (3,24 27) como uma
adição secundária, a fim de pavimentar o caminho para a menção da mudez temporária
de Ezequiel devida a um estado de transe. Em qualquer dos casos está claro, a
natureza de toda a cena do chamado, começada em 1,28, que a mudez não era de um
absoluto silêncio, mas sim uma restrição colocada sobre o profeta, a fim de
reforçar que seu papel era o de falar apenas palavras ordenadas por Deus.
[1] Novo
Comentário Bíblico São Jerônimo: Antigo Testamento. / Trad. Celso Eronides
Fernandes. - São Paulo : Ed. Academia Cristã Ltda; Paulus, 2007. p. 627.
[2]
Idem.
[3]
Idem.
[4]
Idem.
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